O setor vinícola

A viticultura é uma atividade difícil: depende de mão-de-obra sazonal para a colheita da uva, mas também requer equipamento especializado para produzir vinho. Não raro, os trabalhadores e os pequenos agricultores não conseguem viver de forma estável da produção de vinho, por falta de dinheiro para investir em melhorias que respondam à evolução das tendências e dos gostos do setor.

Algumas origens também enfrentaram problemas específicos. Na África do Sul, por exemplo, o legado de segregação racial do apartheid continuou a assombrar a indústria vinícola, com os trabalhadores negros a desempenharem frequentemente as tarefas mais intensivas em termos de mão-de-obra nas quintas vinícolas. No Líbano, os pequenos agricultores que lutavam para viver da agricultura recorriam por vezes a culturas ilícitas, que o governo erradicava em seguida; para alguns, a produção de vinho oferecia a esperança de um novo começo.

Desafios atuais

O setor vitivinícola enfrenta uma série de desafios que têm impacto no ambiente, na sociedade e na economia.

• Relações de poder desiguais entre compradores e produtores: Os retalhistas e as marcas exercem uma enorme influência no setor do vinho. Alguns deles utilizam o preço como único critério para os concursos e as compras de vinho misturado a granel estão a aumentar, o que lhes facilita ainda mais o abandono e a substituição de fornecedores.
• Impacto ambiental: A expansão das vinhas, impulsionada pela crescente procura mundial de vinho, exerce pressão sobre o ambiente. A expansão das zonas de cultivo sem ter em conta os recursos naturais, como o solo e a água, conduz à degradação do ambiente e exerce forte pressão nas reservas de água. Além disso, a escassez de água e os fenómenos meteorológicos extremos estão a afetar as regiões produtoras de vinho em todo o mundo. Em 2050, a maior parte das terras das principais regiões vitícolas atuais poderá ser inadequada para a plantação de vinha.
• Condições de trabalho: Os trabalhadores migrantes e as mulheres, por exemplo, estão muito presentes nas vinhas, mas enfrentam desigualdades estruturais em termos de direitos, tratamento, remuneração, oportunidades de promoção e voz.

«Recentemente, obtivemos a certificação Fairtrade. Para nós, a Fairtrade é a alternativa de que precisamos para fortalecer a nossa participação e podermos avançar todos juntos.»

Saray Morales, membro da Vid Seca

Como é que a Fairtrade faz a diferença

• Meios de subsistência dignos: Através do Preço Mínimo Fairtrade e das Normas Fairtrade, a posição negocial dos produtores é reforçada. As Normas para comerciantes proíbem acordos contratuais desleais e o Preço Mínimo protege os produtores de uma descida de preços abaixo dos custos médios de produção. Além disso, o Prémio Fairtrade, um pagamento adicional sobre as vendas de produtos certificados Fairtrade para fins comunitários, pode aliviar a pressão do aumento do custo de vida ou apoiar os trabalhadores através de investimentos comunitários.
• Resiliência climática: A Fairtrade ajuda os viticultores a adaptar as suas práticas agrícolas aos efeitos das alterações climáticas. As Normas também os incentivam a utilizar práticas respeitadoras do clima. As vinhas da família Bosman na África do Sul, por exemplo, plantam e cultivam uma casta particularmente eficiente em termos de carbono.
• Igualdade de género: Comprometer-se com a Fairtrade significa comprometer-se com os princípios da não-discriminação e da igualdade de género. Apoiamos as organizações de produtores com formação e programas especiais para aumentar a consciencialização e capacitar os produtores e trabalhadores desfavorecidos.

O vinho com certificação Fairtrade é bom para as pessoas, para o planeta e para as empresas. Descubra como é que a sua empresa pode participar.